Como eu motivo minha equipe? O que eu posso fazer para mantê-los motivados?
Essas duas perguntas não saem da cabeça de executivos ou líderes de equipes. De fato, quanto mais desafiadoras forem as atividades que precisam ser realizadas, mais abnegado precisará ser quem as executa. Mas afinal… é possível motivar alguém?
Antes de falar sobre isso, é importante entender que a motivação decorre de três elementos-chave: intensidade, direção e persistência. Uma não se dissocia da outra.
A intensidade está relacionada ao esforço que uma pessoa despende para realizar algo. No entanto, embora isso seja primordial, não quer dizer que uma pessoa que exerce alta intensidade numa tarefa irá conseguir resultados excepcionais no trabalho. Aquela frase que afirma que “o cume do Everest está repleto de pessoas motivadas que sucumbiram” pode ser aplicada aqui.
Para isso, terá que ter uma orientação adequada, isto é, uma direção dessa intensidade, uma qualidade de seu esforço. E isso deve ser um dos papéis do líder, de forma a gerar um esforço vinculado aos objetivos a serem atingidos por todos da equipe.
Se líder é alguém que é legitimamente seguido, essa orientação só será atendida se for acompanhada de um senso de propósito – se os membros da equipe acreditarem em seu líder. Talvez até venham a “pular na fogueira”, se ele pedir…
Além disso, outro componente da motivação é a persistência, ou seja, por quanto tempo a pessoa manterá seu esforço para atingir o objetivo proposto. Novamente, aqui o papel do líder é crucial, na medida em que o estímulo à persistência para alcançar um resultado pode revelar pessoas diferenciadas, cujos desafios fazem despontar indivíduos resilientes, que conseguem conquistar o que é almejado.
Entretanto, deve-se considerar que os objetivos a atingir devem ser factíveis – nem impossíveis, que desestimularão o esforço, nem fáceis demais, que não sejam reconhecidos como estimulantes para haver um esforço em vencê-los. A chave para a motivação de uma equipe está então na composição dos três elementos-chave: intensidade + direção + persistência.
Obviamente que, cada pessoa, com suas próprias características, terá percepções diferentes com os estímulos recebidos. Entretanto, quando o líder de uma equipe consegue alinhar as expectativas individuais de seus membros com o propósito organizacional, com os objetivos a serem atingidos, tem como consequência um incremento da motivação de forma constante ao longo do tempo.
Como efeito, se esse alinhamento de expectativas se confirmar, fica estabelecido o chamado “contrato psicológico” entre líder e equipe, que deve ser reforçado diariamente, e que afeta bastante a motivação. Em suma, ninguém se mantém motivado por muito tempo fazendo algo em que não acredita.
O estímulo a uma postura motivada deve ser constantemente reforçado pelo líder – que, por sua vez, deve ser instrumentalizado pela empresa por meio de diretrizes e definições claras de responsabilidade, apoio, comunicação constante e alinhamento com princípios e cultura organizacional.
Esse respaldo cria uma amálgama de emoções positivas em relação ao trabalho, gerando unicidade e cooperação. É o chamado “salário emocional”, obtido por meio do sentimento de pertencimento, da percepção de equidade no tratamento e do acesso a oportunidades de reconhecimento, na sensação de crescimento e desafio equalizado com as capacidades dos indivíduos e na geração de um ambiente de trabalho amistoso e equilibrado.
Longe de ser uma idealização, essas condições devem ser perseguidas pela empresa, por meio de seus líderes, para que possa contar com equipes motivadas e preparadas para desafios. Do contrário, se a motivação depender apenas do estímulo de cada um, sem o respaldo de um líder e o apoio da empresa corre-se o risco de se ver o efeito “”voo de galinha d’angola”: grande intensidade inicial, porém com pouca persistência rumo ao objetivo almejado.
Luciano Lamb é mestre em Estratégia, especialista em RH, consultor da Sinerplan Estratégias para Pessoas e professor.